Conhecido por levantar a bandeira do emo trap no Brasil, Vidaincerta apostou em um som com letra mais pesada e politizada para seu novo lançamento. O clipe de “Emodrill” mostra a versatilidade do rapper como compositor e produtor num contexto em que é impossível para artistas não se posicionarem politicamente, por mais que seu trabalho não esteja alinhado à “música de mensagem”.
Trechos como “não vou falar de lean se eu nunca tomei codeína. Não quero isso pra mim, mas não me faz estar por cima” e “lifestyle fake não é só balão, lean e corre. É quem suga do cidadão que todo dia morre. A favela tá afundando e não há quem socorre. Só não enxerga quem tá doidão ou quem vive de porre” trazem uma reflexão sobre o papel do trap no cenário atual.
“O Brasil tá num momento tão bosta que, mesmo sendo um emo rapper, é difícil não comentar os casos de racismo a céu aberto e todas as desgraças que têm rolado. Não sou um cara do rap de mensagem, mas chegou num momento que quem não tá de olho no que tá acontecendo tá de chapéu ou tá muito tranquilo na vida”, conta Vidaincerta, fazendo questão de lembrar que consome muito som mais leve e de zoeira, mas que não dá pra fechar os olhos para a realidade.
A escolha por um ritmo como o drill está alinhada a esse momento político, mas também reflete o momento artístico do rapper e a proposta de seu novo selo coletivo, a Tri$tezaMob.
“Eu ando na pira de produzir drill por ele ser super marginalizado na Inglaterra, ser uma coisa de jovens pretos. O emo preto também sempre foi marginalizado. Foi renegado igual o drill é renegado lá fora. Além disso, é uma forma de eu me expor como produtor”, conta Vidaincerta ao falar da música que foi produzida em parceria com o Aladindaleste.
O clipe de Emodrill foi gravado nas ruas de Santos pelo Lgznegri e dirigido por Fernando Bertuola.
Assista ao clipe oficial de Emodrill: https://youtu.be/jvKA-p7nJR4