“Uma fábula sobre uma tragédia real”, é com esta frase que o diretor Pablo Larraín (Jackie, 2016) inicia o seu filme, já deixando o público ciente sobre o caminho que a obra cine biográfica irá seguir. A trama é um retrato delicado e íntimo, não apenas sobre a Princesa de Gales, mas a mãe, mulher e humana Diana Spencer, interpretada incrivelmente por Kristen Stewart.
A produção imagina um encontro da família real no castelo de Sanringham, em Norfolk, aonde Diana tem que lidar com protocolos, problemas alimentares e psicológicos, num ambiente nenhum pouco acolhedor. Entre sonhos, pesadelos, e aparições poéticas, o filme nos força a mergulhar na crise existencial da personagem, as vezes entrando até mesmo no thriller psicológico, estudando profundamente a mente da protagonista. Durante o longa, acompanhamos a mesma se redescobrindo, além da imagem fabricada aos olhos do público, sentimos o peso da tradição, a falta de espontaneidade, regras de etiqueta e a total falta de controle sobre a própria vida, além da óbvia amargura e magoa da traição e rejeição de seu marido, o Príncipe Charles (Jack Farthing). Spencer encontra momentos de alivio e vislumbres de felicidade apenas ao lado de seus filhos e sua fiel escudeira, Maggie (Sally Hawkins).
Com um aspecto etéreo, e por hora até mesmo assombrado, nos dando um ar de ‘conto-de-fada’, como era erroneamente descrita a vida da princesa, a obra leva a audiência a sentir o desespero e devastação de Spencer no fundo da alma. Isso não seria possível sem a inacreditável performance de Kristen Stewart, sua Diana é sensível, amorosa, gentil, mas temperamental e as vezes mimada, a atriz encarna as expressões, os trejeitos, modo de andar, se portar, e o modo de falar, com um sotaque praticamente perfeito, você acredita que a princesa seria exatamente assim.
O longa é uma jornada de libertação, de autodescoberta, aonde Diana, após tanto sofrimento, decide escolher a si mesma e seguir em frente, não como a Princesa de Gales, mas como Spencer.
Se consagrando como um dos melhores filmes de 2021, queridinho da crítica, espera-se que ‘Spencer’ seja uma figura de destaque na edição de 2022 do OSCAR, com ênfase na performance de Kristen Stewart, que deve lhe render sua primeira indicação como ‘Melhor Atriz’.
Confira a sinopse:
Dezembro de 1991: O casamento do Príncipe e da Princesa de Gales esfriou há muito tempo. Embora haja muitos rumores de casos e divórcio, a paz foi ordenada para as festividades de Natal em Sandringham Estate. Há comida e bebida, tiro e caça. Diana conhece o jogo. Este ano, as coisas serão muito diferentes.
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