A 7 meses das eleições, o engajamento de jovens de 16 e 17 anos é o mais baixo já registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Até o fim de janeiro, 731 mil cidadãos dessa faixa etária, para qual o voto é facultativo, tinham se cadastrado como eleitores. As inscrições seguem abertas até 4 de maio mas hoje esse número representa cerca de 10% dos menores de idade aptos a votar e pouco menos de 1/4 do total que foi as umas três décadas atrás. O voto facultativo para pessoas de 16 e 17 anos foi aprovado na constituição de 1988, mas a corte tem dados comparativos somente a partir de 1992 quando o total de eleitores nessa faixa etária cansou 3,2 milhões.
No ano passado o TSE lançou uma nova campanha no rádio na TV de vídeos protagonizados por atores da aparência juvenil com mensagens de estímulo a participação nas eleições. Também explorou redes sociais e plataformas de áudio. Questões como envelhecimento de líderes partidários, desconfiança no sistema político e falta de perspectiva de emprego e renda são apontadas como causas do encolhimento do voto jovem.
Um morador de Belo Horizonte de 17 anos pretende voltar em outubro mas crítica ausência de candidatos mais novos nas disputas: “É frustrante saber que a decisão do Brasil está relacionada só a duas pessoas.”
Uma estudante de São Paulo por sua vez disse não se sentir preparada para votar em outubro por desconhecer os candidatos. E essa falta de informações segundo ela é resultado do desinteresse pela política e pelos projetos de quem vai se candidatar. “É uma grande responsabilidade e eu nunca tive interesse em política. Quando você vai votar é preciso saber quem é o candidato e eu não tive interesse para pesquisar”.
Ausência de eleitores abaixo dos 18 anos gera um déficit democrático. Isso significa que pautas importantes para o segmento como inserção no mercado de trabalho enfrentamento das mudanças climáticas, ficam em segundo plano nos projetos de governo. “A possibilidade de novos temas e novas agendas se reduz à hoje no governo decisões contra direitos importantes aos jovens como os de escolha sexual e respeito etnias. E vemos violentos ataques a mulheres.”