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A Bolha da vida real: médica Alicya Scavello fala sobre os desafios das filmagens durante a pandemia

A Bolha (Foto: Reprodução/Divulgação)

Produção da Netflix “A Bolha” é uma comédia sobre as gravações de filmes em tempos de Covid-19. A médica Alicya Scavello faz paralelo com sua atuação nos sets para garantir o cumprimento dos protocolos de segurança em produções como “Gracinha”

Um dos mais recentes lançamentos da Netflix, “A Bolha”, aborda as mudanças forçadas nas gravações de produções audiovisuais na pandemia. Na comédia, um grupo de atores e atrizes tenta finalizar a gravação de uma sequência de uma franquia de ação sobre dinossauros.

Com a chegada da pandemia, a equipe se viu obrigada a ficar trancada em um hotel de luxo em quarentena. Apesar disso, eles precisam garantir que o filme fosse entregue. Tal e qual a vida real, nos últimos dois anos, a médica e CEO da produtora NGN Produções Alicya Scavello trabalhou em diversas filmagens para garantir a segurança dos profissionais em meio à pandemia. Um de seus trabalhos foi nos bastidores do longa “Gracinha”, estrelado por Manu Gavassi.

“A rotina era muito semelhante à mostrada no filme ‘A Bolha’. Eram feitos testes todos os dias, independente do horário da gravação, pois houve cenas que precisaram ser gravadas na madrugada e o elenco testava a qualquer hora. Foi um ritmo de trabalho full time“, destaca a médica.

O SARS-CoV-2, nome científico do coronavírus causador da covid-19, se espalha pelo ar e é mortal, como já se sabe amplamente. Antes da vacinação chegar ao Brasil, e mesmo após as primeiras doses começarem a ser aplicadas, os desafios foram enormes, destaca Alicya: “Normalmente, em grandes produções, todas as medidas de segurança já começam a ser planejadas com bastante antecedência. Tudo é fortemente alinhado com os produtores, passado e repassado diversas vezes entre a produção e os profissionais de saúde.
Para o filme Gracinha, por exemplo, foi cerca de um mês de filmagem, com testes diários, controlados rigorosamente, realizados sempre antes dos profissionais entrarem no set, também todos os prestadores de serviço. Independente da função, todos eram submetidos aos testes”, lembra Alicya.

Ainda havia aferição de temperatura constantemente, e todos precisaram se isolar para evitar contágio. Fora das câmeras, o uso de máscara era obrigatório. Apenas o elenco podia retirar a proteção nos momentos de gravar. Quem precisava comer ou beber, precisava se afastar dos demais. “Tínhamos vários fiscais de máscaras, que permaneciam auxiliando na manutenção do protocolo de covid e desinfetando as áreas comuns com álcool 70”.

Somente para o filme Gracinha, Alicya afirma que foram realizados cerca de mil testes em toda a equipe, composta por cerca de 300 profissionais que atuaram direta ou indiretamente na produção. “As pessoas, em geral, pensam que somente há o elenco em um filme, mas não, tem muita gente trabalhando durante toda a produção de uma obra cinematográfica, como o pessoal da elétrica, da locação, da logística, da manutenção… São muitos trabalhadores e artistas por trás das câmeras e que dependem muito dos seus trabalhos nesta indústria”. Os novos cuidados impactaram nos custos das produções, mas foi preferível isso a paralisar os trabalhos.

Agora os cuidados já estão reduzidos, visto que grande parte da população está vacinada e estados como São Paulo e Rio de Janeiro já aboliram a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos e fechados, com exceção de transportes públicos e locais de atendimento de saúde.

Com a flexibilização, o efeito da vacinas e agora dos possíveis medicamentos que combatem a doença, realmente espero que a pandemia seja apenas uma lembrança dentro da indústria do audiovisual. Porém, eu aconselharia a todos, não somente nesta indústria, a continuarem utilizando máscaras em ambientes onde se tenha contato com multidões, pois há várias doenças que são transmitidas pelo ar e ambientes públicos podem ser extremamente sujos”, alerta a médica.

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