Música

Prêmio da Música Brasileira anuncia novas categorias e abre inscrições para edição de 2025

Foto: Divulgação

Conselho formado por Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, João Bosco, Criolo, Karol Conká, Antônio Carlos Miguel, Heloisa Guarita e Zé Mauricio Machline definiu mudanças para a 32ª edição do Prêmio, incluindo regulamentação do uso de Inteligência Artificial (IA)

O Prêmio da Música Brasileira (PMB), uma das mais prestigiadas celebrações da diversidade cultural do país, realizou a primeira reunião do seu Conselho para a 32ª edição do evento, que acontecerá em 2025, tendo como grandes homenageados Chitãozinho & Xororó. Durante o encontro, foram definidas mudanças significativas e a criação de novas categorias que prometem ampliar ainda mais o reconhecimento dos diversos gêneros e a infinidade de talentos que formam o DNA da nossa música. As inscrições para a 32ª edição do PMB estão abertas no site oficial.
 

O encontro contou com as participações dos conselheiros Gilberto Gil, Arnaldo Antunes, João Bosco, Criolo, Karol Conká, Antônio Carlos Miguel, Heloisa Guarita e Zé Mauricio Machline, além da diretora do PMB, Giovanna Machline. A cantora Wanderléa participou remotamente.
 

“É sempre motivo de celebração reunir o Conselho do Prêmio da Música Brasileira, pois cada encontro representa uma oportunidade de fortalecer nosso compromisso com a diversidade da música brasileira. A criação de novas categorias é fundamental para dar protagonismo a diferentes gêneros e estilos, refletindo a rica multiplicidade cultural do nosso país. Ao reconhecermos e celebrarmos essa diversidade, estamos não apenas homenageando os artistas e suas obras, mas também incentivando a contínua inovação e evolução da música no Brasil,” destacou Zé Mauricio Machline, criador e diretor do PMB.
 

Novas categorias ampliam o reconhecimento da música urbana e regional
 

Uma das principais mudanças decididas pelo Conselho foi a transformação da categoria “Música Urbana” em três categorias distintas: Funk, Rap/Trap e Reggae. A decisão reconhece a força, relevância cultural e particularidades de cada um desses estilos, que compartilham a capacidade de refletir e dialogar com as realidades sociais do Brasil, especialmente entre o público mais jovem.
 

Assim, um número ainda maior de artistas e obras de cada um destes gêneros tem a possibilidade de serem reconhecidos com indicações e prêmios no PMB e, consequentemente, ser apresentado a novos públicos.
 

Criolo celebrou a criação das três premiações individuais: “A criação de categorias específicas para Funk, Rap/Trap e Reggae no Prêmio da Música Brasileira é um reconhecimento importante da grandiosidade desses gêneros. Ao garantir um espaço inclusivo e maior para cada um, caminhamos para que os artistas se sintam contemplados e incentivados a continuar suas produções. Ter uma categoria específica para o rap, outra para o reggae e outra para o funk, apesar de serem gêneros que se comunicam e trabalham de forma colaborativa, é como reconhecer os diferentes ramos de uma mesma árvore genealógica, com raízes comuns. Trazer pra perto quem está na linha de frente de cada um desses gêneros, especialmente com o rap no Brasil há mais de 30 anos, o reggae que precede muitos outros estilos e o funk que se tornou um fenômeno mundial, mostra um olhar sensível da premiação. Quando você especifica, você valoriza mais, e acredito que essa foi uma mudança muito saudável e necessária para reconhecer as transformações e ramificações da nossa música”, afirmou.
 

Gênero que tem conquistado espaço não só nas periferias, mas também nos grandes eventos e festivais do país e do mundo, o funk agora terá uma categoria própria. Quase 40 anos após sua gênese, nos bailes em comunidades do Rio de Janeiro, hoje o funk brasileiro é celebrado por sua capacidade de traduzir em música as dinâmicas culturais e sociais das comunidades do país.
 

O rap, acompanhado pelo subgênero trap, que trouxe uma nova sonoridade ao estilo, também ganha uma categoria específica. Nomes como Emicida, Criolo, Djonga e Matuê têm usado suas letras para abordar temas profundos e urgentes, como desigualdade e racismo, fazendo do rap/trap uma das vozes mais potentes da música nacional.

Apesar da menor reverberação no mercado “mainstream”, o reggae mantém uma base sólida de fãs e artistas, além da constante renovação de talentos, que continuam a inovar dentro do gênero, agora reconhecido com uma categoria exclusiva.
 

Além da música urbana, a antiga categoria “Pop/Rock” foi dividida em duas específicas para “Pop” e “Rock”, refletindo a diversidade e a evolução desses estilos no Brasil. A música pop, com sua amplitude de influências e alcance, e o rock, com sua tradição e constante reinvenção, ganham, assim, o devido reconhecimento como expressões culturais distintas.

Outra importante mudança foi a separação da categoria “Canção Popular/Sertanejo” em subcategorias específicas: “Canção Popular”, “Canção Romântica”, “Sertanejo”. A divisão permite um olhar mais cuidadoso sobre a riqueza da música popular, que engloba desde o tecno-brega ao piseiro, e sobre o sertanejo, que continua a dominar as paradas musicais do país.
 

O Conselho do PMB aprovou ainda uma mudança na nomenclatura da categoria “Regional”, que passará a se chamar “Raízes”. A alteração visa refletir de maneira mais precisa a diversidade e a riqueza das tradições musicais do Brasil. O termo “Regional” vinha sendo considerado genérico, não capturando a autenticidade e o valor das músicas que representam a pluralidade cultural e histórias das diferentes regiões do país.
 

“A mudança da nomeação da categoria de ‘Música Regional’ para ‘Raízes’ é mais do que bem-vinda Reflete o compromisso do Conselho do Prêmio da Música Brasileira em estar sempre atento à evolução da nossa música à contemporaneidade. Todos os anos, o Conselho se reúne com a preocupação de ampliar o olhar do prêmio, buscando capturar a criatividade e o surgimento de novas ideias, nomes e gêneros na música popular brasileira. O Brasil tem esse talento único de misturar influências, e a renomeação para ‘Raízes’ é uma forma de honrar essa diversidade e assegurar que nenhuma dessas expressões culturais se perca. É um esforço constante de se aproximar cada vez mais da realidade da música que se faz no Brasil,” comentou João Bosco.
 

Mais uma decisão tomada no encontro foi a inclusão de lançamentos de música infantil na categoria “Projeto Especial”. A partir da 32ª edição, em 2025, obras voltadas para crianças poderão ser inscritas nesta categoria, reconhecendo a importância e a relevância desse segmento na formação das futuras gerações de brasileiros.
 

Categoria “Revelação” passa a incluir artistas com até cinco anos de carreira
 

Outra decisão do Conselho foi a atualização dos critérios para a categoria “Revelação”. Agora, podem concorrer nesta categoria artistas com até cinco anos de carreira a partir do lançamento do seu primeiro trabalho publicado, ampliando as oportunidades para novos talentos que ainda não foram plenamente reconhecidos pela indústria musical.
 

Regulamentação do uso de Inteligência Artificial (IA)
 

Em defesa da integridade artística, dos direitos dos compositores, intérpretes, produtores e de toda a cadeia produtiva da música brasileira frente ao avanço da utilização de Inteligência Artificial (IA) na criação artística, o Conselho do PMB também introduziu novas diretrizes sobre o uso de IA.
 

Ficou decidido que músicas compostas, produzidas ou interpretadas exclusivamente por IA não poderão concorrer ao prêmio. Além disso, obras que utilizem reproduções de vocais de artistas falecidos, através de IA ou outras tecnologias, serão desqualificadas.
 

Com essas novidades, o Prêmio da Música Brasileira reafirma seu compromisso em valorizar a diversidade, a inovação e o legado cultural da música brasileira, mantendo-se relevante e sintonizado com as transformações da sociedade. A 32ª edição do PMB promete ser um marco na história da premiação, celebrando a música do Brasil em toda a sua riqueza e multiplicidade.

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